O MERCADO INTERNACIONAL DE ARTIGOS DE LUXO
Antes de falarmos sobre negócios e números, precisamos entender o que são artigos de luxo e como eles se diferenciam dos outros produtos de mesma funcionalidade. Para o marketing, os produtos estão divididos em bens de conveniência, bens comparáveis e bens de uso especial. Os bens de luxo estão inseridos na classificação de “bens de uso especial” que são: “bens de consumo com características únicas e/ou identificação da marca, para qual um grupo significativo de compradores está habitualmente disposto a fazer um esforço especial de aquisição”
Podemos considerar artigos de luxo como bens duráveis, detentores de qualidades como durabilidade, ótimo acabamento, beleza, exclusividade. Dentro desse nicho estão, principalmente, automóveis, iates e aviões particulares, além de joias, cosméticos, relógios, acessórios, roupas e calçados, sendo um setor bastante amplo, incluindo também, obras de arte, gastronomia e esportes, movimentando cerca de 1,5 trilhão de euros por ano, em todo o mundo.
“O luxo ensina lições importantes sobre a criação do desejo – motor da nossa sociedade. O luxo não é pautado pela necessidade básica, mas sim pela noção de prazer. O luxo inaugura a sua própria demanda e é muito hábil em transformar o que antes era considerado sonho numa necessidade. No estágio de consumo em que estamos, onde a qualidade não é mais um diferencial do produto, mas um traço inerente dele, se compete pelo apelo mais original, pela emoção que se desperta nos consumidores – e o luxo é o mestre em seduzir até mesmo quem dizia não precisar dele.” (STEIN, Luciana)
A grife mais poderosa do segmento de luxo é o grupo LVMH: “Líder do mundo do luxo, LVMH Moët Hennessy – Louis Vuitton possui um portfolio original com 50 prestigiosas marcas. O grupo atua em cinco setores diferentes: – Vinhos & Espumantes – Moda & Objetos de Couro – Perfumes & Cosméticos – Relógios & Jóias” Esse grupo, que reúne marcas famosíssimas, como Louis Vuitton, Givenchy, Kenzo, Dior, Donna Karan, Marc Jacobs e Fendi, fatura 12,5 bilhões de dólares por ano. A loja brasileira da grife Louis Vuitton é a terceira em vendas entre as 320 lojas em todo o mundo. No Brasil, esse mercado movimenta 2,3 bilhões de dólares por ano, sendo que São Paulo representa 72% dessa quantia. O crescimento anual do mercado de luxo no país tem sido de 35% nos últimos seis anos, e atinge um seleto grupo de 1,8 milhões de pessoas, o que equivale a 1% da população brasileira. (Fonte: http://veja.abril.com.br/vejasp/especial_luxo)
Em 2019 a Deloitte realizou uma pesquisa sobre o mercado de luxo global, o qual discute as tendências e questões que impulsionam a indústria de luxo e sugere por que as empresas do setor precisam acompanhar as mudanças trazidas por clientes com novos perfis. No ano fiscal encerrado em junho de 2018, a receita mínima exigida para entrar na lista das 100 empresas de bens de luxo do mundo foi de US$ 218 milhões. Um crescimento de US$ 7 milhões em relação ao ano fiscal anterior.
O gráfico abaixo mostra onde estão localizadas as 100 maiores empresas do segmento de luxo. É fácil visualizar como elas estão centralizadas na Europa, com apenas China e Estados Unidos constando na listagem. As 10 maiores empresas responderam por quase metade (48,2%) do total de vendas de produtos de luxo do ranking, um aumento de um ponto percentual em relação ao ano anterior.
A França tem as maiores empresas e é o país com melhor desempenho, alcançando 18,7% de crescimento composto de vendas. O país contribuiu com a maior fatia para as vendas totais das 100 maiores empresas de luxo.
Aproveitamos também para mostrar os números dos produtos mais vendidos no mercado de bens de luxo, com joias e relógios liderando o setor seguidos de roupas e calçados.
O setor de cosméticos e fragrâncias teve o melhor desempenho no período, com crescimento de vendas de 16,1%.
Para concluir e já falando desse ano atípico, desde o início do isolamento social, o e-commerce da moda de luxo tem demonstrado um crescimento exponencial, com marcas chegando a crescer 12x em vendas no digital. A necessidade de estar presente nos canais online fez com que se conseguisse implementar uma cultura digital nas empresas mais tradicionais. Segundo o WWD, veículo da mídia internacional especializado no mercado premium, a boutique francesca Hermès reaberta em 11 de abril em Guangzhou, uma das maiores cidades da China, faturou apenas neste dia 2,7 milhões de dólares. Infelizmente, no Brasil a expectativa ainda é muito distante de resultados parecidos como este para os próximos meses. Visto que a curva de crescimento da disseminação da doença ainda não apresenta sinais de queda e mesmo com a retoma parcial das lojas físicas, as vendas não têm demonstrado serem muito expressivas.
Artigo escrito por Veridiana Giffhorn Mayer
Veridiana tem mais de 8 anos de experiência em comércio exterior, é formada em Relações Internacionais e pós graduada em Negócios Internacionais. Trabalhou em diversos segmentos de exportação e escreve para a ComexLand sobre comércio exterior e relações internacionais.
Links uteis:
http://obviousmag.org/imagens_e_palavras/2016/04/-o-mercado-de-luxo.html#ixzz6dPhkDCwQ
http://veja.abril.com.br/vejasp/especial_luxo
https://www2.deloitte.com/br/pt/pages/consumer-business/articles/poderosos-varejo-luxo.html