Canal de Suez – O que aconteceu e qual a sua importância para o Comércio Exterior
Na manhã da última quarta-feira, dia 24/03, o Comércio Exterior voltou os olhares para uma notícia que está causando muito transtorno na logística internacional: o navio encalhado no Canal de Suez. O cargueiro é um dos maiores do mundo: conta com 220 mil toneladas, 400 metros de comprimento (o equivalente a quatro campos de futebol) e pode transportar mais de 20 mil contêineres. Ele foi atingido por uma rajada de vento e encalhou numa das mais importantes passagens para o comércio mundial. Meteorologistas do Egito afirmaram que houve fortes ventos chegando a 70 km/h.
Alguns canais de comunicação afirmaram que o navio foi desencalhado ontem mesmo, porém ainda não há confirmação oficial, pelo contrário, percebemos que ele ainda está trancando o canal:
Ever Given
O meganavio, Ever Given, da companhia Evergreen, foi construído em 2018 e tem como destino o porto de Rotterdam, na Holanda.
De acordo com fontes marítimas, dezenas de navios aguardavam a entrada no canal. O Canal de Suez concentra cerca de 10% do comércio marítimo internacional e essa espera está gerando um atraso na cadeia global como um todo o que leva a gerar também custos extras. Empresas de transporte marítimo viram suas ações em queda e o mercado de petróleo também sentiu o impacto quando em poucas horas teve seu preço elevado devido à preocupação sobre a oferta do produto, fechando em alta de quase 6%. Nos Estados Unidos, a commodity avançou 2,2% chegando a US$59,03 o barril.
A indústria de energia é de fato uma das mais preocupantes nesse incidente, segundo fontes, dezenas de petroleiros estavam presos no congestionamento dos dois lados do Suez e haviam ao menos seis navios que transportavam gás natural liquefeito dos EUA, do Catar e do Egito para a Europa e para a Ásia, mas graças à rápida remoção, não terão tantos problemas como temido pelas empresas.
congestionamento no Canal de Suez
Conheça o Canal de Suez
Inaugurado em 17 de novembro de 1869, o Canal egípcio que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo e a Ásia Meridional à Europa levou cerca de 10 anos para ser construído, obra que envolveu cerca de um milhão de operários do Egito. A partir desse “atalho”, as viagens marítimas entre a Europa e a Ásia encurtaram quase 7.000 km, pois desfez-se da necessidade de contornar o continente africano.
Esse é o maior canal sem eclusas do mundo e toda a sua construção foi financiada por capital britânico e tecnologia francesa, o projeto foi idealizado por Ferdinand de Lesseps, empresário e diplomata francês. O Egito, no entanto, só tomou posse do canal de fato em 1956. A França e a Grã-Bretanha tentaram recuperá-lo à força com ajuda de Israel, mas sem sucesso, fazendo com que o Canal ficasse fechado entre 1967 e 1975.
Na sua inauguração, o Canal contava com 164 km de comprimento e 8 metros de profundidade, atualmente são 193,3 km de comprimento, 24 metros de profundidade e 365 metros de largura, o tempo de travessia varia entre 11 e 18 horas. Em 1869, apenas três barcos por dia atravessavam o canal, hoje são 50. Desde 2015, o canal está passando por uma ampliação cuja previsão de entrega é em 2023, com essa reforma, o tráfego de navios deverá dobrar para cerca de 100 embarcações diárias passando pelo local.
Segundo dados da Autoridade do Canal de Suez (SCA), cerca de 19 mil embarcações passaram por lá em 2020, o que gerou uma receita de aproximadamente US$5,61 bilhões para o Egito, com a reforma, o objetivo é alcançar US$13,2 bilhões em 2023.
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Artigo escrito por Iara Neme