Conflito na Rússia e os impactos no Comércio Exterior
Desde a última semana, quando a Rússia iniciou os ataques ao território ucraniano após meses de tensão e especulações, diversos países vêm sofrendo as consequências indiretas que essa guerra está gerando.
A Rússia representa uma forte potência na exportação de diversos itens, sendo assim, com todo esse caos, a suspensão dos embarques de petróleo e insumos para o agronegócio já impacta diversos mercados, inclusive o Brasil, que é um dos maiores importadores de adubos e fertilizantes russos, criando um pânico para as principais empresas do nosso agronegócio, que dependem muito da oferta russa desses itens. Para contornar a situação e evitar o desabastecimento interno, o governo brasileiro vem conversando com empresas do Canadá e do Irã para aumentarem a oferta e a safra deste ano não ser prejudicada por falta de insumos.
Até então, cerca de 70% dos fertilizantes que o Brasil utilizava na agricultura vinha do exterior, sendo a Rússia detentora de 23% deste total. Apenas no ano passado, foram 9,2 milhões de toneladas para ajudar na nutrição de diversos alimentos, como a soja e o milho.
Logística internacional – portos e aeroportos
Um conflito deste porte causa diversos impactos na cadeia logística internacional, limitando o transporte de diversas mercadorias que passam pelos portos e aeroportos da região. Gigantes do frete marítimo, como a Maersk e a MSC já anunciaram a suspensão do transporte de contêineres à Rússia prezando assim pela segurança das atividades. No entanto, o transporte de alimentos e suprimentos médicos e humanitários não foi afetado, ajudando a população nesse momento tão complicado.
Além do transporte de cargas, a Rússia também já enfrenta sanções de países que já se posicionaram contra os ataques, sendo praticamente desconectada do sistema financeiro global, tendo dificuldades para pagar e receber de outros países.
O fechamento do espaço aéreo aos aviões russos na Europa é outra retaliação que o país vem enfrentando por parte da União Europeia, que se mostrou contra todo o tipo de violência. Em contrapartida, a Rússia também proibiu o sobrevoo de seu território a aviões ligados a esses países.
Quanto aos portos da região, a Ucrânia já decretou desde os primeiros dias do ataque o fechamento deles, decisão que deve durar até o fim do conflito, evitando danos aos operadores dos locais, visto que alguns navios cargueiros já foram bombardeados na região.
Com isso, o fornecimento de grãos russos e ucranianos deve ser afetado, prejudicando a oferta mundial de trigo e de milho, cujo os países respondem por 29% e 19% das exportações globais. Já do óleo de girassol, os países são responsáveis por 80% dos embarques mundiais, sendo assim, é possível que diversos países sofram com o desabastecimento desses itens e assim como o Brasil, busquem outros fornecedores até que toda a situação seja resolvida.
Iara é graduada em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.