NATAL E O COMÉRCIO EXTERIOR
Com a aproximação das festas de final de ano, todos os setores se animam e preparam-se para um aumento no volume de vendas, seja no ramo alimentício, vestuário, brinquedos, eletrônicos ou decoração. Assim como o mercado interno e nossas fábricas aumentam a produção, há também um aumento das importações com alguns meses de antecedência para garantir que toda a demanda dos brasileiros seja atendida.
Apesar da grande procura, esse ano de 2020, totalmente atípico por conta da pandemia, se mostrou muito desanimador para os importadores. A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima que esse Natal seja o de menor participação de produtos importados em uma década! A expectativa é que haja substituição de produtos, por exemplo: merluza e tilápia, peixes nacionais, ao invés do tradicional bacalhau português ou norueguês, assim como frutas facilmente encontradas no Brasil como uvas, maçãs e peras no lugar de cerejas, pêssegos, ameixas e figos importados.
A Secex (Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia) divulgou que entre setembro e novembro desse ano, o Brasil importou um total de US$367,2 milhões (R$1,85 bilhão) em produtos natalinos, desde o ramo de alimentos e bebidas até presentes natalinos como perfumes e roupas. A queda em relação ao mesmo período do ano passado é de 16,5%, o menor valor desde 2009 quando foram importados R$1,55 bilhão no trimestre que antecede o Natal.
A variação da taxa de câmbio desse ano é 35% superior a 2019, um dos principais motivos que levou o mercado a diminuir as importações dando preferência ao consumo interno além de focar a produção visando a exportação, fato que podemos verificar com os últimos registros mensais da balança comercial brasileira, que vem alcançando superávits desde fevereiro desse ano, ou seja, diminuição das importações frente às exportações.
Dos produtos tipicamente natalinos em 2020, houve recuo de 52% na importação de pescados, 48% de baixa nas carnes processadas, além da queda de 48% nas frutas típicas. Já entre as bebidas tradicionais, vinhos e espumantes, houve um aumento significativo de 23% nas importações entre setembro e novembro desse ano em relação a 2019. No entanto, previsão para 2020 é que a ceia de Natal seja em média 30% mais cara que no ano anterior, devido à alta dos alimentos no mercado interno, um dos principais fatores que impactou a economia nacional nesse ano, levando a medidas como imposto de importação zero sobre alguns alimentos para conter essa alta.
Vinho e bacalhau: produtos fortemente natalinos que sofreram grandes variações em relação a 2019.
No entanto, a CNC estima que as vendas de Natal esse ano poderão crescer 3%, um resultado positivo após um ano tão complicado como esse. A inflação nos alimentos, a antecipação das compras de natal na Black Friday e a redução do auxílio emergencial são alguns fatores que farão com que as vendas não sejam tão positivas.
Um dos principais itens procurados durante essa época do ano, são os enfeites de natal, desde as tradicionais luzes pisca-pisca, árvores e bolas até demais artigos de decoração vermelhos, verdes e dourados que remetem à essa data. Índices mostram que entre 90% e 93% dos enfeites natalinos consumidos no Brasil são provenientes da China. Essa adaptação chinesa à cultura ocidental foi essencial para alavancar suas vendas, visto que no país asiático menos de 2% da população é cristã, então a produção de artigos natalinos é praticamente 100% voltada para a exportação.
Outro setor de extrema importância nessa época é o de brinquedos. No entanto, más notícias para os pais, pois a baixa oferta de plástico no mercado interno fez com que o valor do produto final se elevasse.
Iara é graduanda em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.