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O IMPACTO DA PANDEMIA NOS EMBARQUES INTERNACIONAIS

Com a alta procura por fretes imediatos em 2020, sendo a grande maioria de produtos de combate à Covid-19 oriundos da China com destino à Europa, houve um aumento significativo no valor do serviço e a tendência mundial para o próximo ano é que os fretes continuem aumentando de preço. As novas tendências de consumo que os meses de isolamento apresentaram, também estão dentre os motivos que fizeram com que a alta procura por compras e fretes elevassem seus valores, como a lei da oferta e demanda sugere.

Alguns outros motivos fizeram com que o caos se agravasse, dentre eles a inspeção de quarentena nos navios antes de atracar nos portos, evitando assim a disseminação do coronavírus, levando assim mais tempo para a liberação dos contêineres. Com a segunda onda da doença, muitos países também estão enfrentando a escassez de contêineres vazios, que além de encarecer o serviço, aumenta o lead time para o importador e exportador. A China, inclusive, está passando por essa situação e vem cancelando reservas e atrasando embarques pela baixa quantidade de contêineres vazios.

E O SETOR AÉREO?

Assim como no modal marítimo, o setor aéreo também sentiu fortemente o impacto da crise atual, tanto em voos de passageiros, que durante os primeiros meses de isolamento levou companhias a decretarem recuperação judicial, terem seus números muito abaixo do esperado, etc, mas também em voos cargueiros.

Para driblar a crise, algumas companhias converteram suas aeronaves de passageiros em aviões de carga e abriram novas rotas, já que a procura por voos domésticos de passageiros chegou a cair 91% e por voos internacionais, 97% por volta de maio.

No último mês, apesar dos indícios de recuperação e retomada das operações e da economia como um todo, o principal aeroporto de Xangai, teve mais de 500 voos cancelados após a detecção da Covid-19 em diversos funcionários. Nas importações, quase 45% dos voos também foram suspensos além da aplicação de outras medidas que afetam a operação, como os testes de Covid-19 nos funcionários envolvidos e a desinfecção das cargas. Com as restrições impostas na China no ano passado, quando surgiram os primeiros casos da doença, o país conseguiu controlar a disseminação local, porém, agora está lutando contra vários surtos de reinfecção em áreas próximas. No último mês, quase 20 mil integrantes das equipes de carga realizaram os testes, dentre eles funcionários de gigantes da logística como FedEx e UPS.

Preocupados com produtos importados, que segundo a China podem estar levando o vírus de volta ao país, as autoridades voltaram a verificar alguns produtos com mais rigor, como os alimentos congelados para evitar que o vírus da embalagem entre no país e impulsione uma nova onda.

PEAK SEASON DA PANDEMIA

Todo esse cenário levou a um “Peak Season” (ou alta temporada) inesperado do Comércio Exterior. Normalmente esse período ocorre em momentos específicos do ano, mas com o desequilíbrio da oferta e da demanda acentuados pela pandemia, esse ano foi bem diferente. Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), o “Peak Season” no Brasil ocorre entre os meses de maio a setembro, levando a taxa de ocupação dos navios a 120%, o que geralmente gira em torno de 70 a 80% na baixa temporada. Em épocas de feriado chinês, a tendência de alta ocupação por causa da diminuição da mão de obra interna também se acentua.

No transporte aéreo, também há épocas de baixa e alta temporada. Em períodos de alta temporada para os brasileiros, como julho, dezembro, final de ano e feriados prolongados, o frete aéreo tende a subir, pois as companhias priorizam o transporte de passageiros que lotam as aeronaves, não sobrando tanto espaço no compartimento de cargas para os produtos, exceto em casos de cargas pesadas e IMO que possuem voos exclusivamente cargueiros.

Para evitar esses contratempos de preço elevado e demora nas entregas, tanto o importador como o exportador devem se planejar com antecedência sempre que possível, podendo antecipar os embarques ou dividir suas cargas em diferentes conhecimentos de embarque (em caso de vários contêineres), aumentando a chance de entrega de acordo com a liberação dos navios.

LOGÍSTICA DA VACINA

Uma das palavras mais ouvidas durante esse ano e que todo o mundo aguarda com ansiedade é a vacina. Desde o início da pandemia, diversos laboratórios, cientistas e universidades iniciaram as pesquisas e já temos resultados bem avançados. Estima-se que até o final de dezembro, 4 milhões de pessoas já estarão vacinadas.

Mas além do grande desafio científico, as maiores empresas de logística também vem estudando estratégias para a distribuição da vacina em escala global. Segundo um estudo da DHL, a distribuição demandaria 200.000 pallets, 15.000 voos e 15 milhões de entregas em caixas de refrigeração, além da dificuldade de entrega em regiões quentes, que comprometem a qualidade do produto, pois devem ser mantidos em temperaturas baixas, muitas vezes negativas, para garantir sua eficácia. Inclusive no Reino Unido, primeiro país a iniciar a vacinação em massa no dia 08 de dezembro, foram utilizados contêineres refrigerados com a vacina da Pfizer/BioNTech, que demanda temperaturas abaixo de -70º C.

Iara é graduanda em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.

Iara Neme

Iara Neme

Graduada em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.