Greve dos caminhoneiros e a logística nacional

Um grupo de caminhoneiros, cujo número vem aumentando com novos trabalhadores aderindo ao movimento, está disposto a iniciar uma greve de 15 dias a partir do dia 1º do próximo mês como forma de protesto ao aumento abusivo do preço do óleo diesel, que já representa quase 70% do valor do frete, fazendo com que a margem de lucro deles seja cada vez menor. Além dessa pauta, eles também reivindicam a “defesa da constitucionalidade do Piso Mínimo de Frete” e o retorno da aposentadoria especial após 25 anos de contribuição ao INSS. Durante este ano, houve diversos rumores de greve, porém a adesão foi baixa.

A alta no valor dos combustíveis, no entanto, é um dos principais problemas econômicos do Brasil atualmente, motivo de grandes debates no âmbito público e privado a fim de encontrar meios de conter a inflação. Uma das propostas do governo para ajudar os caminhoneiros e fazer com que eles não aderissem à greve, que impacta negativamente toda a logística e economia interna, foi um auxílio de R$400 para cerca de 750 mil trabalhadores. No entanto, eles recusaram a oferta visto que o valor é irrisório diante dessa inflação descontrolada, cujo diesel já acumula alta de 65,5% nas refinarias e a gasolina de 74,8% neste ano.

Nos estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, alguns motoristas já aderiram à greve fazendo com que os postos já sintam o baixo abastecimento com longas filas de veículos.

Greve de 2018 e os impactos na logística

Em maio de 2018, o Brasil sofreu por cerca de 10 dias com uma greve geral dos caminhoneiros, que assim como agora, exigiam a redução nos preços do óleo diesel que também acumulavam alta na época. Menos de duas semanas foram suficientes para criar um colapso econômico interno, que impactou na distribuição de itens essenciais como alimentos, insumos médicos e combustíveis. Após muitas negociações, a Petrobras reduziu o valor do diesel em 10% nas refinarias, porém, alguns meses depois a estatal não conseguiu segurar os preços e os caminhoneiros já pagavam até mais do que antes da greve.

Qual é a importância das rodovias no país?

O modal rodoviário é o mais utilizado na logística brasileira além de ser um importante meio de escoamento da produção cujo 75% é realizado neste modal, seguida do transporte marítimo com participação de 9,2%, o transporte via aéreo, 5,8%, ferroviário (5,4%), cabotagem (3%) e hidroviário (0,7%).

Dentre as principais economias mundiais, o Brasil possui a maior concentração logística via rodovias, o que é bem negativo para o país, visto que a diversificação é essencial para aumento de eficiência e competitividade, no entanto, quanto mais investimentos em trilhos e cabotagem, melhor para a logística e para a economia local.

Iara é graduada em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.

Iara Neme

Iara Neme

Graduada em Relações Internacionais e Comércio Exterior. Produtora de conteúdo na página ComexLand com experiência de mercado na área comercial, de logística e importação.