O que esperar para 2021 no Comércio Exterior?

No início de 2020 já esperávamos algumas mudanças no cenário internacional e, consequentemente, nas operações do Comércio Exterior, porém o que ninguém esperava era a intensidade dessas mudanças que aconteceram a nível global, desde os primeiros casos de COVID-19 até hoje na busca pela vacina.

Mesmo diante desse cenário e justamente por conta dele, tanto na Importação, quanto na Exportação, percebemos avanços tecnológicos, reduções de burocracias, mudanças drásticas na Balança Comercial de alguns setores e um desequilíbrio entre oferta e demanda em muitos produtos.

Como foi 2020 no Comércio Exterior?

A Balança Comercial do ano passado (2019) registrou o superávit de US$ 48.035,6 milhões e até novembro deste ano chegou a US$ 51.036,2 milhões. Mesmo o superávit sendo maior em 2020 do que em 2019, inclusive batendo recordes históricos, é possível notar que as Importações e Exportações no Brasil foram reduzidas.

Mais do que nunca, em 2020 percebemos a importância da Logística Internacional e do Comércio Exterior para as cadeias produtivas e, portanto, para o bem estar da sociedade.

Logo no início de 2020 fábricas do Brasil e do mundo tiveram que pausar suas operações por falta de insumos que eram provenientes, por exemplo, do gigante asiático, que naquele momento era o primeiro país a realizar isolamento social. Autoridades tiveram que realizar estudos logísticos para que produtos de combate ao COVID-19 chegassem com segurança até o Brasil, pois a demanda por esses materiais aumentou rapidamente, causando tensão entre nações que visavam adquirir estes produtos primeiro. Vimos os valores de frete despencarem para mais tarde aumentarem de um jeito nunca visto. O real foi uma das moedas mais desvalorizadas, o que pode justificar também a redução das Importações. Enfim, foi possível perceber exatamente como funciona o mercado e como oferta e demanda influenciam no dia a dia de cada um.

O que esperar para 2021 no Comércio Exterior?

Dólar

No início de dezembro de 2020 percebemos a firme queda do dólar e nos perguntamos se continuará assim no ano seguinte. No Boletim Focus do Banco Central, a mediana das projeções para 2021 caiu de R$ 5,20 para R$ 5,10.

Alguns dos fatores que podem fazer perdurar a queda do dólar, além do cenário externo, são as eventuais medidas do governo para fiscalizar e gerir as contas públicas e o programa de vacinação contra COVID-19 em São Paulo.

Por outro lado, alguns dos fatores que podem manter ou aumentar o dólar, além do cenário externo, são a taxa de juros baixa, falta de clareza sobre as finanças nacionais e demora na reforma tributária.

Frete Internacional

Infelizmente, ainda não há previsão de queda nas tarifas de frete em 2021, pelo menos não até março, isso acontece pelo desequilíbrio entre oferta e demanda, falta de contêiner, ocorrência de navios colocados em quarentena, peak season e voos cancelados em razão de funcionários com COVID-19.

Vacina

Após esforços de diferentes países, o Reino Unido foi o primeiro a liberar a aplicação de vacina contra o corona vírus, apelidando a data, 08 de dezembro de 2020, de “Dia V”. Enquanto isso, diversos países continuam importando matéria prima para testes e estudos.

Todos os países aguardam a vacina para 2021, porém enfrentam alguns desafios logísticos, uma vez que são sensíveis à altas temperaturas e outras diversas peculiaridades necessárias para sua armazenagem, transporte e distribuição. Pensando nisso, países e empresas já se preparam, como é o caso de Dubai que está desenvolvendo o maior Hub de vacinas do mundo e Cingapura que planeja um centro de distribuição para o sudeste asiático.

Quando grande parte da população mundial estiver imunizada espera-se uma grande recuperação econômica.

Governo Joe Biden

Os Estados Unidos da América são a maior economia do mundo e o segundo maior parceiro comercial do Brasil (em Importação e Exportação), atrás apenas da China, portanto é de extrema importância para o Brasil saber quem é o novo presidente americano.

A eleição americana foi acirrada e com recorde de votos registrados (por ser um país onde o voto não é obrigatório), resultando na provável vitória de Joe Biden. O atual presidente Donald Trump solicitou a recontagem dos votos e entrou com processos na suprema corte americana por desconfiar da legitimidade das eleições.

Uma vez aceita a eleição de Biden, espera-se que assuntos como a proteção ao meio ambiente, principalmente das florestas brasileiras, sejam mais discutidos na relação comercial com o Brasil, uma vez que o democrata já informou em debates seu forte posicionamento em relação a esse assunto.

Segundo especialistas, Joe Biden possui uma visão global e buscará se alinhar a outras nações, reduzindo barreiras geopolíticas com o objetivo de um crescimento mundial sincronizado. Porém, é importante lembrar que o bom relacionamento da China com os Estados Unidos não beneficia o Brasil do ponto de vista comercial.

Política externa brasileira

Em 2020, a agenda diplomática brasileira e de muitos países no mundo foi enfraquecida por consequência da pandemia, porém o Ministério das Relações Exteriores permanece com os mesmos objetivos principais, quais sejam:

  • A entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) até o fim do mandato do atual presidente Jair Bolsonaro; e a
  • Ampliação de acordos bilaterais;

Salienta-se que o acordo do Mercosul com a União Europeia pode sofrer com as atuais políticas ambientais do Brasil.

Tecnologia

Em 2020 percebemos alguns avanços da tecnologia em razão da pandemia, acredita-se que em 2021 isso será intensificado com a entrada da nova tecnologia 5G, sobre a qual China e Estados Unidos, como de costume, embatem uma guerra tecnológica por patentes.

Como o governo Bolsonaro está alinhado com os Estados Unidos, é razoável esperar que o Brasil dê preferência às patentes americanas. Algumas especulações e comentários já acontecem no governo sobre a tecnologia 5G.

Espera-se também mais alterações no Regulamento Aduaneiro a fim de promover a facilitação do Comércio Exterior e a inovação, da mesma forma como vemos no final de 2020 a permissão para o uso de BlockChain em operações.

Como o importador deve se planejar para 2021?

Para garantir o sucesso das operações de Importação em 2021 é necessário muito planejamento. Com os desafios logísticos que estamos enfrentando nas áreas de Comércio Exterior e Relações Internacionais, é necessário que todos os intervenientes do Comércio Exterior possuam uma boa comunicação e boa dinâmica de trabalho: informar dados corretamente ao tentar realizar um booking, informar players com o máximo de antecedência sobre um embarque, analisar muito bem as documentações, informar aos clientes os motivos de possíveis atrasos ou aumento no valor dos produtos – são atitudes simples, mas que podem ajudar na agilidade, organização e até mesmo na venda.

Cada vez mais ouvimos sobre a importância da transformação digital na área, as autoridades já estão reduzindo burocracias para permitir a entrada de tecnologias e inovação, portanto não negligencie isso na sua empresa, em 2021 veremos muitas transformações no Brasil e no mundo.

O ano de 2020 foi um ano atípico para todos, com muitos desafios e dificuldades, mas também nos trouxe resiliência, habilidades de adaptação e de fazer questionamentos, aprendizados que devemos levar para os próximos anos na nossa vida profissional e pessoal.

  • Corrente de conhecimento: compartilhe com mais profissionais!
  • Artigo escrito por Kauana Pacheco para Mainô .

Kauana é formada em Negócios Internacionais e cursa pós-graduação em Big Data & Market Intelligence. É fundadora da ComexLand, empresa especializada em Marketing para Comércio Exterior.

Kauana Pacheco

Kauana Pacheco

Kauana é formada em Negócios Internacionais e é pós-graduada em Big Data & Market Intelligence. Kauana é a fundadora da ComexLand, onde atua como especialista em marketing focado para empresas do Comércio Exterior e Logística Internacional.